Reprodução Intergaláctica

Um dia ensolarado em Washington DC, Estados Unidos. A sede da NASA estava tranquila, horário de café. Sabe com é. Foguetinhos pra lá, Terra plana pra cá e só alegria. Dia feliz.

Mas é lógico que a felicidade acabou. Como ela sempre acaba.

Uma mensagem de outro planeta chegou. Sim. É isso que você leu. Apitou-se umas sirenes loucas e as luzes vermelhas começaram a rodar no teto. Como em todo filme. Alerta. Todos aos seus postos. Ligam os alto falantes do prédio inteiro. A mensagem é ouvida em alto e bom som:

– Para os líderes do planetinha azul, tenho um recado importante – dizia a voz, claramente traduzida por alguma coisa de Babel. E continuava:

– Uma nave fugitiva de meu planeta, Kosnia, está indo em direção ao planeta de vocês. Chegarão em alguns meses. São seres que não aguentaram as regras e a linha de pensamento correta da família tradicional Kosniana. Exijo que, em hipótese alguma, vocês reproduzam com alguém dessa nave. Devolvam ela imediatamente ou eliminem todos ao primeiro contato.

A galerinha da NASA, obviamente, ficou intrigada com aquela ordem e foi atrás de mais informações sobre o planeta Kosnia. Acharam pouca coisa. Alguns textos bem escondidos, mais nada.

O planeta ficava, em termos técnicos e científicos precisos, longe pra dedéu. E era por isso que nunca tinham ouvido falar dele. O Sr. Dedéu consegue ir pra muitos lugares. E se for longe pra ele, é longe pra caramba mesmo.

Descobriram que o planeta tinha um ditador chamado Laughs Have (Ri Ter, em portugês) e, que parecia muito, ter sido ele a mandar a mensagem. Já que ele quer purificar a raça do planeta dele e extinguir qualquer possibilidade de algum Kosniano, a raça perfeita, ficar impuro ao reproduzir com alguém de outro planeta.

Era tudo muito claro para a NASA e o governo americano. Riter queria que mandássemos a nave embora, para não darmos uma casa nova para crianças de raça mista. Algo como Terrakosnianos, ou outro nome melhor que esse. Por que se for esse nome, Riter tem um ponto aí.

Meses se passaram até a nave chegar perto de nossa atmosfera. Muita discussão havia acontecido nesse tempo. Discussão, talvez, não seria a palavra mais precisa. Foi quase uma guerra fria intergaláctica.

O governo americano divulgou para o mundo toda a conversa com deles com Riter. As ameaças que ele fazia contra a humanidade, e tudo que ele tentaria fazer caso alguém desse um beijinho maroto nos alienígenas que iriam vir.

Logicamente, protestos eclodiram pelo mundo pedindo a paz universal. Mais amor, menos ódio! Vai que elas tem 5 peitos? Diziam alguns cartazes. Vai que os homens de lá tem cérebro? Diziam outros. Mas todos eram a favor de uma suruba interplanetária organizada e limpinha no dia da chegada da nave.

Ameaças dos dois lados, gritos, protestos, mais ameaças, simpatizantes de Riter batendo nas pessoas na rua. Logo depois sendo espancados até a morte. Clima tenso na Terra. Em Kosnia ninguém sabe o que aconteceu. Riter não falava nada sobre o seu planeta. Ele tinha voz de fumante. Detalhe.

Mas na noite em que a nave estava pousando, o ditador Kosniano finalmente se deu por vencido. Afinal, ele estava longe pra dédeu e nenhuma arma que ele tinha chegaria aqui com força suficiente pra causar dano a tempo. Liberou a orgia sem precedentes e o fim da eugenia de Kosnia. Estava abatido no último áudio.

A porta da nave finalmente se abriu e de lá saíram 5 milhões de Kosnianos. A NASA soltou um foguete de comemoração ao começo do dia mais sexual da história do universo.

O único problema é que ninguém avisou que eles eram feitos de luz e nunca tinham ouvido falar sobre o tato. Detalhe.

Todos ficaram muito tristes e desiludidos, achando que Riter, na maldade suprema, tinha vencido sem querer.

Mas isso não podia ficar assim. Durante aquela noite, o mundo inteiro se uniu. Todos em pensamento positivo, em uníssono, procurando uma solução e o caminho pra felicidade daqueles exilados maravilhosos. O amor deveria vencer. É maior que tudo. O amor sempre vence.

Mas aí deu cinco e meia da manhã, o sol nasceu e engoliu todos os Kosnianos.

Todos mortinhos.

Ai você lembra do segundo parágrafo do texto.

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