Como o título do texto já diz, essa é a história de um famoso serial killer, que viveu nos anos 80.
O nome verdadeiro dele era Josimar. Ele sempre se apresentava como “Josimar, que gosta de matar”. Matança que tentava fazer com uma faquinha de rocambole. Rosa. De dez centímetros.
Alguns críticos de assassinatos diziam que essa era a forma mais cruel que já existiu de se matar alguém. A morte poderia levar de quatro a cinco anos de pura tortura. E também a troca das faquinhas, já que uma só entortaria nos primeiros minutos. Calcula-se quatro mil faquinhas para cada morte.
Mas nenhuma teoria dessas chegou ser testada. Josimar nunca conseguia matar ninguém. Sempre fugia da polícia depois de arranhar maldosamente sua vítima e deixar a pele dela vermelha com a parte de serrinha da faca.
Pura maldade. É o que todos pensamos.
Um dos casos clássicos do assassino é contado em uma certa academia de boxe. Onde Josimar uma vez tentou matar um lutador que era campeão nacional, fazendo um leve corte diagonal em sua luva. Corte este que ameaçou a desfiar o objeto por alguns dias. Até o lutador levar para alguém arrumar. Sorte.
Está também nos arquivos desse homem abominável, a vez que ele entrou em uma festa infantil para assassinar os pais da criança. Terrivelmente, 2% do bolo foi arruinado. Sem recuperação. A confeiteira estava dormindo aquela hora, com gripe.
Mesmo com essas inúmeras tentativas de atrocidades, Josimar nunca era pego pelas autoridades. Ele, em busca de sua primeira vítima, humilhava a polícia com sua habilidade colossal em deixar pessoas vivas e sem rastros de sangue. Indetectável.
Essa dança poética entre potencial assassino e polícia foi se estendendo até meados de 1988. Quando finalmente o primo de Josimar contou-lhe que a faca de cozinha, conhecida popularmente como faca, era mais efetiva para matar pessoas do que a faquinha de rocambole.
No começo, Josimar desconfiou. Mas depois tentou cortar um rocambole com a faca e conseguiu. Coisa que nunca tinha feito com a faquinha rosa. Era um novo dia. O maior assassino da história poderia, finalmente, florescer.
Depois de meses de treino para se acostumar com o peso da nova arma, o grande serial killer saiu para tentar finalmente executar sua primeira vítima. A faca de cozinha estava reluzente, com o cabo pintado de rosa, por sentimentalismo. Os assassinos cruéis também amam. Só não amam as vítimas. Mas aí é pedir demais.
Chegou, finalmente, na casa de uma pessoa aleatória. Arrombou a porta e ameaçou o coitado com a faca. A pessoa tentou correr, mas Josimar, esperto como um chicote, foi atrás e cortou o braço do rapaz. Logo em seguida, amedrontado, disse:
– Nossa, sangue! Que horror. É assim que é as coisa tudo? Esse troço vermelho ai é sangue?
Josimar nessa hora percebeu, que a escolha para ser serial killer não foi acertada. Ele era, na verdade, uma boa pessoa e tinha nojinho de sangue.
Mas era tarde para qualquer epifania. Entrou um policial pela porta, armado, orgulhoso e dizendo palavras duras em voz alta:
– Josimar, finalmente te encontrei! Você arruinou 2% do bolo da minha filha anos atrás! É hora da vingança. O rocambole dá voltas!
E atirou no peito do mais novo ex-assassino.
Mas a sorte estava do lado de Jô, como era chamado pela namorada. A faquinha de rocambole estava no bolso da camisa. Bem no lugar onde a bala do policial passou. Ele tinha colocado ali para ficar perto do coração. A faquinha era parte da sua vida. Toda rosinha.
Mas, como todos nós sabemos e, agora Josimar também, a faquinha rosa não serve pra nada.
Foi-se.